Tereza Schon, 84 anos, é nascida em Pitanga em 3 de setembro de 1940. Filha de Demétrio Zimmermann e Maria Zimmermann, é de uma família com 14 filhos, mas que apenas 7 sobreviveram, sendo quatro homens e três mulheres. Casada com Divonsir Schon, falecido há 18 anos, eles mudaram para Ivaiporã em 1974, quando assumiram o comando do Posto Panorama, mais antigo em funcionamento na cidade. Eles tiveram cinco filhos: Luiz Renato, Marcos Gilmar, Leônidas, Luiz Elder e Laércio Welligton. No entanto, Luiz Renato, Marcos Gilmar e Laércio são falecidos. Ela tem sete netos. Em entrevista ao jornal Paraná Centro, ela e o filho Leônidas contam um pouco sobre a história da família e da empresa em Ivaiporã.
Paraná Centro – Qual era a atividade dos pais da senhora em Pitanga?
Terezinha Schon – Eles eram lavradores, trabalhavam na agricultura. Na época, plantavam milho, feijão e todo o tipo de hortaliça, pois quase não tinha comércio; esses produtos eram mais para o consumo da própria família. Também havia o plantio de trigo e centeio.
Paraná Centro – A senhora sempre residiu no sítio, enquanto morava em Pitanga?
Tereza Schon – Meus pais mudaram para uma chácara perto da cidade quando eu tinha uns 7 ou 8 anos, porque eu precisava fazer catequese e também entrei na escola, pois onde eu nasci era um sítio bem longe da cidade, acredito que ficava a uns 24 quilômetros. Quando meus pais mudaram nesta chácara, meu pai abriu uma casa de comércio, era como um armazém ou um mercadinho de antigamente, que tinha de tudo um pouquinho. Ficava a um quilômetro da cidade.
Paraná Centro – A mudança para a cidade foi apenas para que a senhora e seus irmãos pudessem estudar?
Tereza Schon - Meu pai também já estava de idade e queria mudar de profissão, além disso, dois irmãos ficaram tocando o sítio e ele veio para a cidade para descansar um pouco e, com isso, eu pude estudar, porque era muito difícil, uma menina ficar internada no colégio e, como era a caçula, meu pai queria que eu ficasse mais perto da escola.
Paraná Centro – A senhora estudou até que série?
Tereza Schon - Eu fiz o segundo grau, mas tive que estudar em Irati, onde fiquei parte em colégio de freiras e no colégio católico. Quando voltei, eu já conhecia meu esposo, namoramos e logo casamos. Depois que casei, fui trabalhar e ficamos junto com os pais por um bom tempo e sempre dando assistência para os pais e sogros; nós tínhamos um convívio muito bom.
Paraná Centro – Como a senhora conheceu seu esposo?
Tereza Schon – Nos criamos na mesma localidade, os pais eram amigos, se visitavam e nos conhecemos praticamente na igreja. Começamos a namorar, quando eu tinha 19 anos e estava no último ano do 2º grau e ele devia ter 22 anos; casamos um ano depois. Quando ele era solteiro, trabalhava como taxista e eu fui trabalhar como professora. Depois de um tempo, um irmão dele deu uma ajuda e comprou um caminhão para ele trabalhar; e assim foi o nosso começo de vida.
Paraná Centro – Por quanto tempo a senhora lecionou em Pitanga?
Tereza Schon – Eu dei aula por uns cinco anos e deixei a profissão para cuidar das crianças e, nesse meio tempo, tive o Luiz Elder e o Laércio, muito próximos um do outro e também era difícil achar alguém que cuidasse das crianças. Meu marido era muito zeloso por eles e por mim e queria eu que ficasse em casa para cuidar deles.
Paraná Centro – O que motivou a vinda de vocês para Ivaiporã?
Tereza Schon – Nós viemos para cá em 1974, quando surgiu a oportunidade do meu marido assumir o posto de combustíveis que existia aqui e resolvemos mudar, porque ele queria melhorar de vida. Nessa época, ele tinha parado de trabalhar com o caminhão e voltado a ser taxista.
Naquela época, tinha mais moradores no sítio. Ivaiporã dependia muito da zona rural”.
Paraná Centro – E a senhora também veio para trabalhar no posto?
Tereza Schon - A princípio, vim para cuidar só da família. Mas ele precisou do meu trabalho e eu tive que vir para o posto e fiquei ali até que o Leônidas assumiu o comando.
Leônidas Schon - Meu pai tocou por 12 anos o posto com a mãe e depois eu assumi, acredito que isso foi em 1985; eu estudava em Curitiba e trabalhava na Caixa Econômica Federal, mas acabei voltando, porque o pai estava com problemas de saúde e precisava de ajuda. Ele disse que se eu não fosse cuidar, teria que vender o posto e, para não acabar com o negócio da família, assumi a gerência do posto. Quando meu pai comprou, já era Posto Panorama.
Paraná Centro – E como foi essa mudança profissão?
Tereza Schon - Foi muito difícil, passamos muitas dificuldades quando nos mudamos, principalmente no começo; hoje estamos bem, mas no começo trabalhávamos muito e morávamos mal; sofri muito e tive muita dificuldade, que nem gosto de lembrar. Com os meninos crescendo, conseguimos pagar os estudos para eles em Curitiba; depois eles voltaram e a vida foi se encaixando mais, cada um formou sua família, assumiu responsabilidades.
Paraná Centro – O que você lembra da época em que chegaram em Ivaiporã? E como era o trabalho no posto?
Leônidas Schon - Naquela época, tinha mais moradores no sítio. Ivaiporã dependia muito da zona rural. Os veículos que abasteciam com a gente eram mais Rural, Picape, Fusca, Kombi e até caminhão à gasolina. Era bem diferente e o pessoal ganhava bastante dinheiro naquela época. Em uma propriedade com cinco alqueires, morava uma família. E o posto vendia muito naquela época. Hoje vendemos bem, mas mudou muito o perfil, atendemos a maioria do pessoal da cidade, muitas empresas; tínhamos até mais vínculo com o cliente, mais tempo para conversar, fazer amizade. Hoje em dia é tudo muito corrido, o cliente passa abastece e sai, está tudo muito automático. O asfalto da cidade acabava em frente ao posto e dali para até Londrina era praticamente só estrada de terra. O combustível, a gente tinha que buscar em Londrina e, quando chovia, tudo era mais difícil.
Paraná Centro – Como era o fornecimento de combustíveis para o posto naquela época?
Leônidas Schon - Naquele tempo, meu pai tinha caminhão e íamos buscar combustível sempre Londrina e, por causa da estrada de chão, colocávamos corrente nos pneus; quando chovia, era muito difícil transitar pelas estradas; foi um tempo bem sofrido. No posto, como era o último lugar antes de sair do asfalto, era cheio de carros com correntes para começar a viajar para Jardim Alegre, Faxinal e Mauá da Serra.
Paraná Centro – Atualmente é o posto mais antigo em funcionamento da cidade?
Leônidas Schon – Em funcionamento sim, inclusive, antes da gente assumir, tinham três caminhões que iam buscar combustível em Paranaguá e nem tinha em Londrina; depois de um tempo é que começamos a buscar combustível em Londrina. O posto foi fundado pelo senhor Gentil Moreira, que fundou o Panorama e o Posto União. Como proprietários de postos, hoje, somos os mais antigos da cidade
Paraná Centro – A família também participa muito dos movimentos da igreja?
Tereza Schon - Trabalhei bastante nos movimentos de igreja. Participei da fundação da igreja Santíssima Mãe de Deus, desde o início da primeira bênção até os dias de hoje. Trabalhei muitos anos na pastoral familiar, ajudava a organizar e dirigir os encontros.
Paraná Centro – Como a senhora vê a importância de Ivaiporã na vida da família?
Tereza Schon - Hoje a nossa vida está melhor, apesar de eu estar viúva, sem o esposo, mas o Leônidas sempre está aqui comigo e me ajuda, principalmente, em caso de doença e cuida dos negócios. Hoje em dia tenho mais tempo para ter amizades e ajudar nos grupos da igreja.
Paraná Centro – Como era o posto antes de vocês assumirem?
Terezinha Schon - Quando assumimos, tinha só uma lanchonete pequena, o escritório do posto, o lavador e a borracharia. Mas o pátio e a pista de abastecimento eram de pedras irregulares. Tinha duas ou três bombas apenas sem cobertura. Era muito calor e tinha muita poeira.
Leônidas Schon – Meu pai foi reformando, primeiro ele cobriu, depois fez a pista de concreto, renovou as bombas de abastecimento, sempre evoluindo. Desde que assumimos, fomos tentando manter mais atualizado. Introduzimos a loja de conveniência e fomos um dos primeiros postos da cidade a informatizar os sistemas de venda.
Paraná Centro – Como foi começo de vida de seu pai em Ivaiporã?
Leônidas Schon – O que mais me marcou foram as dificuldades que ele passou para conseguir vencer aqui em Ivaiporã, chegando em uma cidade nova, sem nunca ter sido comerciante. Meu pai assumiu o posto e, para economizar, ficou dormindo no depósito de óleo por seis meses, em uma cama de campanha, daquelas que a gente dobra no meio. Ele optou por isso para que pudéssemos ficar em Pitanga e terminasse o ano letivo e a catequese; só depois mudamos para Ivaiporã. Nosso começo aqui também não foi fácil, moramos em uma casa, que comparando com que tínhamos em Pitanga, era inferior. E o clima também foi difícil para se adaptar, pois o calor era muito grande, além da poeira. No começo tivemos muitas dificuldades, mas fomos nos adaptando; foi meu pai mesmo que pintou a cobertura do posto e tudo feito com muita economia. Ele chegou a sofrer um acidente enquanto pintava a cobertura; caiu e ficou um tempo de recuperação em casa. Foram vários episódios que me marcaram, pela garra que ele teve de enfrentar toda a dificuldade, para conseguir dar uma vida melhor à família.








