Curso inédito sobre cultivo de alho é realizado na região

Leandro Hahn explica técnicas para cultivo de alho
Buscando novas alternativas para gerar renda para os pequenos produtores rurais, o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) e a Secretaria Municipal de Agricultura de Santa Maria do Oeste, em parceria com o Sindicato Rural de Pitanga, promoveram pela primeira vez na região, um curso sobre o cultivo de alho.
No entanto, esse curso não existe no catálogo de cursos regulares do Senar-PR e, nesse sentido, a Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná), que é a instituição mantenedora do serviço de aprendizagem, fez uma parceria com a Epagri de Santa Catarina, equivalente à Emater do Paraná, e trouxe o pesquisador Leandro Hahn, especialista no cultivo de alho.
Leandro Hahn disse que, no Brasil, os estados mais produtores são Minas Gerais (8 mil hectares), Goiás, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e que o principal tipo de alho cultivado, visando à comercialização, é do tipo roxo. Nos últimos dois anos, o mercado nacional passou a preferir mais o alho cultivado no país, o que fez com que o mercado do alho importado, especialmente o que é cultivado na China e na Argentina, caísse de 60% para cerca de 35%. “Estamos caminhando para a autossuficiência na produção, tivemos um aumento de 20% na produção no ano passado, mas depende da questão da cotação do dólar, mais ainda tem espaço para o produto nacional”, avalia o pesquisador da Epagri.
Leandro Hahn comenta, no entanto, que o alho tem algumas particularidades que dificultam o cultivo, uma delas é relacionado ao clima. Para conseguir a produção do alho nobre, que é a variedade roxa, que tem uma aceitação comercial maior, é precisa cerca de 350 a 500 horas anuais de frio. O plantio é realizado nos meses de junho e julho e a colheita acontece entre novembro e dezembro e, por isso, um clima mais frio é essencial para a produção. Em Minas Gerais e Goiás, o plantio acontece em regiões com mais de mil metros de altitude, onde o clima é mais ameno.

Produtores da comunidade de Rio do Tigre, em Santa Maria do Oeste, participam do curso
Outro fator que limita a ampliação da produção do alho é o custo de produção. Apesar de ser uma lavoura que não ocupa uma área muito grande, atualmente, o custo para implementar a primeira lavoura pode chegar próximo aos R$ 80 mil o hectare. O maior custo é das sementes, que precisam ser de qualidade. Depois do primeiro cultivo, o custo cai um pouco, já que o produtor pode multiplicar suas sementes, mas elas precisam passar por uma limpeza para ficar livres de vírus.
Ele explica que o alho branco é mais comum em todo o Brasil, mas tem um valor comercial baixo e, por isso, o alho roxo é considerado nobre entre os produtores. “Ainda estamos aprendendo com essa cultura, pois ela é cheia de detalhes técnicos, adaptações em função do clima e não existe uma receita para o cultivo de alho, mas estamos cada dia aperfeiçoando mais”, frisa.
Ele destaca que outro fator que pode ser um empecilho para a produção é a falta de mão de obra, pois grande parte da produção é manual, como o plantio, colheita e classificação e, mesmo com a mão de obra familiar, às vezes, é necessário a contratação de mais algumas pessoas.
Ele destaca que o retorno financeiro é interessante e que o preço tem sido favorável e, apesar do custo inicial para implantar a lavoura, o retorno financeiro tem sido compensador.
O secretário municipal de Agricultura de Santa Maria do Oeste, Clemente Francisco, destaca que a principal razão para ofertar esse curso foi oferecer uma alternativa para melhorar a renda dos pequenos agricultores, que procuraram a secretaria de agricultura, entendendo que o plantio do alho poderia ser uma alternativa interessante para a pequena propriedade. Ele também destacou a importância da parceria com o Senar, que conseguiu trazer um técnico da Epagri de Santa Catarina para aplicar o curso. “Essa parceria é muito importante, pois o Senar e Sindicato Rural têm colocado pessoas ativas, que vão atrás e gostam de desenvolver a agricultura familiar; essa é uma parceria antiga com os municípios vizinhos, pois temos um trabalho coletivo e vamos continuar juntos e em parceria com o Senar e o Sindicato Rural de Pitanga”, frisa.
O mobilizador do Senar na região, Elias Harmuch Júnior, comenta que a entidade tem em seu catálogo mais de 350 cursos e, quando surge uma demanda como da secretaria municipal de Agricultura de Santa Maria do Oeste, caso não tenha disponível o curso, o Sindicato Rural encaminha um ofício à Faep justificando a necessidade e o sistema procura alternativas para atender o pedido e a demanda dos parceiros.